ARTIGO 3 (de 3)
Várias tendências globais vêm pondo em causa o nosso bem-estar. No estilo de vida atual, a tecnologia permite-nos trabalhar a qualquer hora, em qualquer lugar, interferindo cada vez mais na nossa esfera privada. Esta flexibilidade tem crescido a par da alimentação desregrada, da vida sedentária, das poucas horas de lazer e da falta de exercício físico regular. Na verdade, falamos de comportamentos e hábitos com impacte direto na saúde, no agravamento de doenças crónicas como a hipertensão, nos sintomas do stress e no aumento do risco de burn out. E este é de facto o maior problema que enfrentam hoje as organizações.
Os Programas Corporate Health & Wellness definem-se como atividades destinadas a promover práticas organizacionais e comportamentos individuais, que conduzam à melhoria do bem-estar físico, mental e social dos colaboradores. Os EUA são pioneiros neste domínio: a inexistência de um sistema de previdência social precipitou a necessidade de se fazer face aos custos diretos (1) e ocultos (2) da ausência de saúde e bem-estar em contexto de trabalho (1. despesas médicas 2. absentismo, presenteism, clima organizacional). Mas os gastos com saúde veem aumentando vertiginosamente em todos os países desenvolvidos. A aposta em programas corporate wellness – e, portanto, a aposta na promoção da saúde no local de trabalho – tem também como meta a redução de custos para as Empresas e para o Estado.
A realidade unwellness no trabalho custa atualmente, aos EUA, 12% do seu PIB por ano. Estima-se que as doenças crónicas, o stress e o risco de burn out, outras doenças relacionadas com o trabalho e o disengagement dos colaboradores, custem à economia mais de 2,2 triliões US$ a cada ano. O Global Wellness Institute estima que este valor seja igualmente considerável no resto do mundo. Esta estimativa tem em conta as perdas de produtividade associadas às despesas médicas diretas e as altíssimas taxas de disengagement dos colaboradores.
Diversos pesquisadores reforçam que as quebras de produtividade associadas ao absentismo de curta e média duração – custos indiretos da saúde precária – podem ser duas ou três vezes superiores aos custos diretos com seguros de saúde, parcialmente suportados pelas empresas. Tornar-se-á, a muito breve prazo, uma preocupação incontornável da agenda da maioria dos empregadores do Continente Europeu. “Para além deste ônus económico, há uma carga insustentável nos sistemas de saúde em todo o mundo e um sofrimento humano inquantificável”.
Os programas de promoção da saúde no local de trabalho podem reduzir as baixas médicas em 27,8%, o custo de saúde em 28% e os custos de incapacidade em 33,5%. O Global Wellness Institute sublinha ainda que algumas empresas estão já a desfrutar de benefícios intangíveis como a melhoria do clima organizacional ou dos índices de retenção.
As medidas mais habituais incluem triagens biométricas, avaliações de risco à saúde, feiras de saúde, instalações de treino físico no local, desafios de saúde em grupo (por exemplo, condicionamento físico, perda de peso, cessação do tabagismo), coaching de bem-estar, alimentos saudáveis em máquinas de venda automática. Contudo, à medida que as iniciativas de bem-estar no local de trabalho se espalham globalmente, as ofertas de soluções corporate wellness focam cada vez mais a sua atenção nos índices de retenção, engagement e produtividade, missão e imagem da empresa.
10 anos de experiência em algumas organizações em diversos lugares do mundo demonstram-nos hoje que o Corporate Health & Wellness é sobretudo uma filosofia multidimensional e que implica também a auto-responsabilidade dos colaboradores. As políticas corporate wellness só produzem resultados sustentáveis numa perspectiva ganhar-ganhar: quer a empresa quer os colaboradores precisam pôr em marcha a mudança, caminhando no sentido de maior equilíbrio físico e emocional, prevenção do stress crónico e risco de burn out, ganhos de life balance.
Autora:
Helena Casanova – Health & Wellness specialist coach, trainer e RH Consultant