«Chief Executive Team: The Transformation of Leadership» é o novo livro de Ricardo J. Vargas. Estivemos à conversa com o autor, que nos conta tudo sobre a nova obra, em primeira mão.
Ricardo J. Vargas tem certificações e educação formal nas áreas de psicologia organizacional e pessoal, terapia familiar sistémica, consultoria de gestão e coaching executivo e psicológico. Nesta obra, o autor projeta as suas experiências de empresário, CEO, investigador, e de desenvolvimento de equipas executivas.
Em «Chief Executive Team: The Transformation of Leadership», Ricardo J. Vargas aborda a necessária transformação da liderança, e oferece soluções práticas para o desenvolvimento das equipas executivas. A obra já está disponível na Amazon e pode adquirir a versão Kindle aqui.
BC: Este livro é o resultado de duas décadas de prática no desenvolvimento de Chief Executive Teams, e apresenta-nos os seis Ps das equipas executivas («The 6 Ps of Executive Teams»). No início da obra, o Ricardo adianta que usa esta metodologia como ponto de referência para diagnóstico e design. O que nos pode revelar sobre esta metodologia? E de que forma este livro explica estes seis Ps?
RV: Trata-se de um processo de estruturação de equipas executivas baseado na investigação em gestão e em psicologia organizacional. A metodologia chama-se «The 6Ps of Executive Teams®» porque segue 6 Ps: Propósito, Processos, Pessoas, Problemas, Possibilidades e Potencial. Cada um deles representa um conjunto de ganhos que a equipa deve conseguir para superar essa etapa de desenvolvimento da sua eficácia. O meu trabalho é guiar as equipas nesse processo.
O livro tem um capítulo dedicado a cada um desses Ps. Cada um deles trabalha várias dimensões da performance, e procuro no livro dar uma ideia do que é possível obter como ganhos e quais as principais dificuldades nestes processos.
Nesta obra, o Ricardo fala-nos da importância das equipas executivas, e revela-nos que estas equipas tendem a ser as «piores» equipas numa empresa, porque, habitualmente, não funcionam como uma equipa. O que é que este livro nos revela sobre estas Chief Executive Teams da atualidade e de que forma é que a liderança, neste caso, precisa de se alterar?
Este é o meu quinto livro. Tal como os anteriores é dedicado a um aspeto da liderança. E tal como os outros procura desmistificar mitos da liderança.
O mito principal desmontado neste livro é o de que o CEO ou diretor-geral deve saber tudo e ser capaz de fazer tudo. É um mito pernicioso que deriva de processos de gestão de talento ultrapassados.
Num mundo complexo, com um mercado hostil e imprevisível, a noção de que uma pessoa pode saber sozinha como agir em resposta, por exemplo, às crises que vivemos, é ridícula. Ou trágica, se levada à prática. Para gerir a complexidade de forma ágil precisamos de ativar a inteligência coletiva da equipa executiva. O que a investigação aponta e a minha prática demonstra é que estas equipas não são muito boas a fazer isso. Por diferentes razões, que exploro no livro.
Uma equipa executiva tem constrangimentos estruturais à sua atuação como equipa que não existem para outras equipas dentro da empresa. É diretamente influenciada pelo modelo de comportamento do CEO como nenhuma outra. E resiste a intervenções de teambuilding como nenhuma outra.
O que eu tive que criar, ao longo da minha atividade como consultor, coach, formador e speaker, foi uma metodologia que respeitasse as idiossincrasias destas equipas e entregasse os resultados desejados: aumento da eficácia transformadora da equipa executiva.
Se estas equipas permitem tomar melhores decisões, e mais rapidamente, o que é que o Ricardo propõe enquanto solução neste livro? Em primeira instância, tem de se mudar mentalidades?
Temos de mudar mentalidade, posicionamento, método, processos, competências e comportamentos na equipa de gestão. Isto pode parecer um trabalho demasiado enorme, mas a maioria das equipas com quem trabalho são boas e não precisam de uma intervenção em todas as áreas. Fazemos um assessment e decidimos onde intervir primeiro. Quando as equipas estão muito fragmentadas, inicio o trabalho pelo CEO. Apoio o líder de topo na sua transformação pessoal antes de trabalharmos com a equipa.
Quando comecei a trabalhar nesta área havia poucas pessoas a focar-se sistematicamente no desenvolvimento de equipas executivas. Há vinte anos, os líderes portugueses estavam pouco orientados para estas dimensões, por isso os meus clientes eram gestores de topo expatriados em Portugal ou portugueses com experiência internacional. Isso permitiu-me ganhar um mercado internacional interessante. Ainda hoje tenho clientes multinacionais em vários países europeus e nos EUA.
Mas a realidade mudou, e hoje a maioria dos gestores portugueses entendem a necessidade de estruturar as suas equipas executivas como base para o desenho e execução da estratégia da empresa. Como eu tenho várias formas de os apoiar, as intervenções podem ser muito flexíveis e cirúrgicas, individuais, em grupo, em equipa ou com toda a empresa. Nunca tive duas intervenções idênticas, porque o percurso de cada empresa para a liderança do seu mercado é único.
A nível das lideranças, quais acredita que vão ser as tendências num futuro próximo? O que é urgente mudar e porque devem os líderes adotar estas soluções apresentadas nesta obra?
Temos em curso uma crise sanitária, uma crise económica, uma crise de saúde mental, conjugadas com uma crise de confiança nas autoridades, a que se seguirão uma crise de dívida soberana, uma crise monetária, uma crise da democracia e uma crise humanitária sem precedentes.
Não é possível continuar a aplicar o business as usual à enormidade do que se está a passar. Temos de adotar métodos diferentes para analisar, pensar, decidir e agir. Mas sobretudo métodos diferentes de liderar.
É por isso que o subtítulo do livro é «The Transformation of Leadership». Eu proponho uma forma de liderar as empresas diferente do que temos tido até aqui. Mais eficaz e mais eficiente, mais ágil, e mais humana.
A tendência de futuro é a Chief Executive Team. Este é o nome que eu criei para equipas executivas eficazes e eficientes que se transformam a elas próprias continuamente para transformar as suas organizações. Só quando ativamos a inteligência coletiva da equipa de gestão conseguimos ativar a inteligência coletiva de toda a empresa. E precisamos disto para resolver os desafios que o mercado nos coloca hoje, em que várias crises se reforçam mutuamente.
O livro está dividido em três partes, que em tradução livre se podem designar como: «Porque precisamos de Chief Executive Teams?», «O que leva as Executive Teams ao fundo do poço?» e «Como desenvolver uma Chief Executive Team?». Resumidamente, consegue-nos aguçar a vontade de leitura e falar sobre alguns pontos cruciais?
O aumento de eficácia e eficiência da equipa executiva é um tema muito pouco explorado. A consciência do impacto que a ineficiência e ineficácia destas equipas têm na organização como um todo é escasso. Isto acontece por várias razões: desconhecimento da investigação feita com equipas reais em empresas reais; maus hábitos de liderança; e ego. No livro, disseco estas razões e apresento formas de as resolver.
Precisamos de Chief Executive Teams porque é demasiado caro não as ter. Melhoria de indicadores de performance, inovação, rentabilidade, quota de mercado, viabilidade da estratégia e employee engagement são alguns dos resultados de aumentar a eficácia destas equipas que reporto no livro.
A minha metodologia – «The 6Ps of Executive Teams®» – permite resolver as dimensões críticas no desenvolvimento de eficácia destas equipas. Lendo o livro, fica-se com uma noção clara de porquê, como e o que fazer para desenvolver uma Chief Executive Team.
O Ricardo autointitula-se como um investigador. Contudo, muito deste livro também se baseia no trabalho que desenvolveu e no que viveu ao longo destes anos. O que pesa mais nesta obra? Veremos pesquisa, mas também muitos casos reais?
Na verdade, eu sou psicólogo e membro do Centro de Investigação em Ciência Psicológica da Universidade de Lisboa. Investigo na área da liderança. Não há nada que eu coloque no livro que não esteja baseado em dados. Nesse sentido sou um research practitioner, faço prática baseada na evidência.
Este livro tem dezenas de casos anonimizados. Naturalmente baseados na minha experiência, mas que não representam nenhuma empresa em particular. Eu trabalho com acordos de confidencialidade com todos os meus clientes. Estamos a falar de consultoria estratégica ao mais alto nível das empresas.
Mas os leitores poderão encontrar situações práticas de todos os tipos a exemplificar os métodos do livro. Neste sentido é um manual prático.
Por outro lado, o livro tem 192 referências bibliográficas. A esmagadora maioria são artigos científicos publicados nesta área ao longo de vinte anos. Nesse sentido, é uma revisão da bibliografia científica com alguma qualidade.
E finalmente, o livro tem modelos inovadores para trabalhar as equipas executivas, que fui desenvolvendo ao longo de duas décadas de trabalho com estas equipas.
A maioria dos livros nestas áreas ou são académicos, ou são manuais práticos, ou são livros de histórias ficcionadas, tipo uma narrativa de uma equipa com exemplos dos seus problemas. O meu livro contém isso tudo em 400 páginas. Tal como os meus livros anteriores, é suficientemente inovador para ser bibliografia em universidades em Portugal e fora, suficientemente prático para responder aos problemas reais dos líderes de topo e suficientemente simples para poder ser lido por qualquer pessoa. Acho-o equilibrado nessas várias dimensões e é isso que os primeiros leitores me disseram.
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