O conceito de VPA foi mais longe com o lançamento do ChatGPT, um chatbot desenvolvido pela OpenAI, empresa fundada em 2015 por um grupo de empresários, investigadores e filantropos, onde se incluem Elon Musk, Sam Altman, Greg Brockman, Ilya Sutskever e Wojciech Zaremba.
O ChatGPT, no entanto, ficou viral apenas no final de 2022. Só em janeiro, este chatbot foi visitado por 13 milhões de utilizadores únicos por dia e o seu ritmo de crescimento já ultrapassa apps populares como o TikTok ou Instagram.
A própria gigante tecnológica Microsoft reconheceu o seu potencial e investiu “vários milhares de milhões de dólares” na OpenAI.
“Anunciámos, no final de janeiro, a terceira fase da nossa parceria de longa data com a OpenAI, através de um investimento multianual e multimilionário com o objetivo de acelerar os avanços na Inteligência Artificial (IA) e desenvolver, testar e escalar, de forma responsável, as tecnologias de IA. Enquanto fornecedor exclusivo de serviços de computação em cloud da OpenAI, temos vindo a colaborar em projetos de investigação de IA, incluindo o desenvolvimento de sistemas de IA avançados, como o GPT-3, e a criação de ferramentas e recursos que ajudem os programadores a construir e utilizar modelos de IA nas áreas da saúde, educação e ciência”, comenta, em exclusivo para a RHmagazine Manuel Dias, National Technology Officer na Microsoft Portugal.
A intenção da empresa tecnológica será estabelecer uma parceria a longo prazo com a organização e contribuir para os avanços da mesma, enquanto bebe da sua tecnologia para a integrar no seu próprio motor de busca, o Bing, ou na plataforma colaborativa Teams.
“Esta semana demos início a uma nova era da navegação na web ao apresentar o novo motor de pesquisa Bing – que já está disponível em preview – e o renovado Edge com integração de IA. Aliando a pesquisa, navegação e chat numa única experiência, conseguimos potenciar melhores ambientes de pesquisa, respostas mais abrangentes, uma nova experiência de chat e a capacidade de gerar mais conteúdo”, conta Manuel Dias. “Recentemente, anunciámos, também, a disponibilidade geral do serviço Azure OpenAI, permitindo que as organizações aproveitem o poder de modelos de IA generativa em larga escala, através dos recursos seguros a nível empresarial e da infraestrutura otimizada para IA do Microsoft Azure – em breve, poderão aceder ao ChatGPT neste nosso serviço – e o Microsoft Teams Premium, que vai permitir reuniões mais personalizadas, inteligentes e seguras, utilizando ChatGPT para produzir resumos inteligentes de reuniões, entre muitas outras funcionalidades”.
O potencial do ChatGPT é enorme, com várias empresas atentas à sua tecnologia para poderem melhorar as suas soluções e tornarem a vida dos utilizadores muito mais fácil.
No entanto, apesar de ser uma ferramenta que assenta numa premissa de facilitar a vida dos seres humanos, a tecnologia por detrás do ChatGPT está a deixar muitos profissionais apreensivos, devido à sua elevada capacidade de sintetizar informação e redigir textos que quase parecem escritos por humanos. Para muitos, este representa mesmo uma ameaça ao postos de trabalho a médio e longo prazo.
Em vez de os profissionais temerem a tecnologia, compreendê-la pode verdadeiramente ajudá-los a melhorar o seu dia a dia. Na área dos Recursos Humanos, por exemplo, o ChatGPT pode ser uma espécie de assistente de RH virtual. Este chatbot pode traduzir-se numa ajuda importante para minimizar o tempo dispensado em tarefas rotineiras, ao mesmo tempo que pode trazer um excelente contributo para os profissionais de RH redigirem, por exemplo, anúncios de empregos mais engajadores.
Da seleção ao onboarding
Selecionar, através de centenas de CVs recebidos, os candidatos com a experiência e competências ideais para os cargos em questão é uma tarefa que rouba bastante tempo aos profissionais de RH.
O ChatGPT pode ajudar estes profissionais a navegar pelos CVs dos candidatos, resumindo as competências e experiência de cada um e auxiliando-os a filtrar os perfis que mais se enquadram nas necessidades das vagas em aberto.
Numa primeira fase de contacto, se assim os departamentos de RH quiserem, este chatbot inteligente também pode redigir um e-mail de apresentação da empresa, com um agradecimento ao candidato pelo seu interesse na vaga em questão e a convidá-lo para a entrevista. A partir daqui, o contacto com cada candidato e a entrevista serão já uma função dos profissionais de RH, que têm capacidades como a empatia, por exemplo, que são exclusivas a humanos e não podem ser substituídas por máquinas.
O contacto para uma seguinte fase, ou para dar conta aos candidatos não selecionados de que estes não foram contemplados, pode beneficiar também do auxílio do ChatGPT. Em processos longos, com centenas de entrevistados, conseguir responder a cada um destes enquanto se realizam outras tarefas do dia-a-dia pode ser desgastante para os recrutadores, que encontram, assim, uma ferramenta valiosa de feedback, retirando-lhes esse encargo e dando-lhes tempo para se focarem noutras tarefas também importantes para o negócio.
Ainda durante a fase de recrutamento, a redação de desafios técnicos também pode estar a cargo do ChatGPT, sob a vigilância de um profissional de RH, que ficará responsável por rever o desafio e garantir que este está enquadrado com as funções em questão.
Quando as pessoas selecionadas são admitidas na empresa, o onboarding pode continuar a beneficiar de chatbots inteligentes através, por exemplo, de portais onde os mais recentes membros das empresas podem colocar todas as suas dúvidas ou questões, traduzindo-se num excelente aliado na integração dos novos colaboradores.
Insights essenciais para o negócio
O ChatGPT recorre a diversas fontes de informação para conseguir dar resposta às questões dos utilizadores, sobre qualquer tema, em apenas segundos.
Os profissionais de recursos humanos não são apenas recrutadores nas empresas, são uma peça fundamental para o negócio, e ao terem mais tempo para analisar as principais tendências dentro e fora da empresa, conseguirão definir estratégias mais eficazes para conseguirem colaboradores mais motivados, produtivos e que têm vontade de permanecer nas organizações mais tempo.
Analisar indicadores de performance, ou criar estratégias para reduzir o turnover na empresa, não, porém, uma tarefa simples e muitos profissionais podem ter dificuldade em identificar um caminho por onde começar.
Podem, aqui também, recorrer ao ChatGPT para encontrar estratégias e ideias para melhorar as suas métricas mais sensíveis e alavancar os resultados do negócio. Podem também aproveitar o ChatGPT para pedir dicas sobre team buildings, ideias para melhorar a comunicação e recorrer a esta ferramenta para criar iniciativas e dinâmicas dentro da empresas pensadas para promover o bem-estar dos colaboradores.
A digitalização das empresas já não é uma novidade. O termo “transformação digital” já não representa uma tendência e, de acordo com um estudo recente da Ricoh, o investimento na digitalização pode mesmo traduzir-se em ganhos de 622 mil milhões de euros para as empresas.
“A atual geração de inteligência artificial tem potencial para resolver grandes desafios da humanidade, como transformar o mercado de trabalho ou aumentar substancialmente a produtividade”, reforça Manuel Dias, da Microsoft Portugal. “Queremos ajudar as organizações de diferentes setores e dimensões a melhorar as experiências dos utilizadores finais e simplificar a sua eficiência operacional, bem como impulsionar a produtividade dentro das organizações através da inovação nas plataformas de colaboração, como o Teams Premium”.
A possibilidade de reduzir, ou terminar, tarefas rotineiras que consomem tempo, permite que as equipas estejam alocadas a projetos e funções que acrescentam mais valor às organizações, e esta é uma realidade transversal a todos os setores, desde o financeiro, à gestão de pessoas, que não pode passar despercebida.