Desafios internos e a ausência de planos de sucessão de liderança comprometem, segundo uma investigação desenvolvida pela Boyden, a sobrevivência das empresas familiares.
A ausência de uma estratégia de sucessão de liderança no contexto das empresas familiares ameaça uma percentagem de organizações correspondente entre 70% a 80% do tecido empresarial nacional e responsável por 50% do emprego e 60% do Produto Interno Bruto. Os desafios associados a esta tipologia de empresas são identificados pelo Special Report, uma publicação internacional que reúne os pontos de vista de partners da Boyden, gestores e especialistas sobre boas práticas de liderança e gestão de talento.
A integração de membros independentes na gestão das organizações é apontada, no relatório da consultora, como uma “garantia para possibilitar à gestão a manutenção de um foco na visão e nas metas definidas para a empresa, assegurando que o processo de transição decorre de modo mais objetivo e metódico“. De acordo com o estudo da Boyden, “a presença de membros independentes no board de uma organização constitui um fator de profissionalização do negócio, possibilita o aumento do nível de confiança e de prestação de contas e a introdução de ideias originais e boas práticas sustentadas na experiência externa e no contacto com contextos diversificados“.
Face à integração de elementos de controlo externos, os especialistas ouvidos pela empresa especializada em executive research destacam a necessidade de reter os valores chave idealizados no momento de fundação da empresa. Para o efeito, as características, a composição e a dimensão de um conselho de administração com membros independentes devem ser equacionadas cuidadosamente. Estes membros devem, a título individual e coletivo, conseguir responder às necessidades atuais e esperadas do ambiente de negócio.
De acordo com o relatório, às empresas familiares é dada a possibilidade de poderem atuar com renovada eficiência e alcançar um sucesso acrescido a longo prazo. Os processos diários e as decisões estratégicas são “enriquecidos por um nível acrescido de discernimento, objetividade e previsibilidade, assegurando o legado para gerações futuras”, refere a empresa no comunicado enviado às redações.
Para Nuno Freitas, principal da Boyden Global Executive Search Portugal, “apesar de várias empresas de cariz familiar oferecerem condições salariais e outras contrapartidas atrativas, muitas enfrentam desafios relevantes chegado o momento de planear a sucessão da sua liderança. As organizações são expostas a tensões e fraturas, que ameaçam as suas marcas, a sua longevidade e, em última análise, o seu legado”. O responsável aconselha as empresas familiares a “planearem e não terem receio de integrar profissionais oriundos do exterior”.
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