No passado dia 28 de setembro, decorreu mais um encontRHo online promovido pelo IIRH – Instituto de Informação em Recursos Humanos. O tema abordado foi a “Gestão do talento num contexto atual: o que mudou para os RH?”, onde vários especialistas partilharam as suas experiências e expectativas relativamente aos novos perfis que as organizações precisam, às necessidades e competências futuras e às tecnologias no que aos processos de atração de talento diz respeito.
O painel de especialistas contou com a participação de António Lobo Alves, Diretor de Recursos Humanos da Joaquim Chaves Saúde, François Coentro, Sales Director da Meta4 Portugal e Pedro Cabral Santos, Partner da SQUAD IT Portugal. A moderação ficou a cargo de José Bancaleiro, Managing Partner da Stanton Chase. Esta iniciativa contou com o apoio da Meta4.
José Bancaleiro começou por fazer uma introdução, revelando os principais papéis dos RH que se adaptam agora a uma nova realidade: contribuir para o negócio, cuidar das pessoas, resolver problemas e organizar novos processos. O profissional reforça que: “a função do gestor de RH não mudou de há um ano para agora; alterou-se e adaptou-se mas não mudou”.
Transformação Digital: o que está a acontecer nas empresas e nos RH?
François Coentro inicia o debate: “sempre se falou muito da transformação digital”. O profissional acredita que a pandemia foi responsável pela rápida transformação digital que começou a acontecer, e que ter políticas de adaptação a tecnologias dentro dos processos demora tempo. A maneira de trabalhar alterou-se e, na opinião do profissional, verifica-se uma forma de trabalhar que funciona e que, se calhar, funciona melhor até do que no passado, em determinados pontos. Plataformas como o Zoom vieram para ficar, e os sistemas estão a evoluir. Nas palavras de François Coentro, “o maior fator de risco de sucesso é a gestão da mudança” e um dos fatores da gestão de mudança é também a transformação digital. Para o profissional, “o envolvimento das pessoas sempre foi um processo lento”. No entanto, atualmente, com as ferramentas disponíveis as pessoas estão mais recetivas para poder intervir. Na atualidade, as políticas de RH devem ser rápidas e eficientes e as estratégias devem ser dinâmicas e célebres, de modo a dar apoio às chefias e colaboradores e criar novos hábitos e rotinas. “É difícil fazer um plano para três semanas”. De acordo com François Coentro, as coisas estão instáveis, as soluções estão também a mudar e vão aparecendo cada vez mais soluções e abordagens novas. “A Covid-19 veio fazer com que as pessoas estejam mais alerta, mais atentas e mais recetivas a tudo o que seja transformação digital”, acrescenta.
Pedro Cabral Santos acredita que as organizações foram apressadas em termos de necessidades, e que foi necessário “criar condições para poder responder a este aceleramento”. Segundo o profissional, o espectro de soluções de RH tem sido maior e, como integradores, é importante conhecer cada vez mais a área de Recursos Humanos: “Não podemos ser só técnicos de informática, temos de estar mais por dentro dos RH”, acrescenta de acordo com a sua experiência. “As empresas estão com necessidade de informatizar, e o profissional que faz as integrações tem de ter mais conhecimentos”. De acordo com a sua experiência no mundo tecnológico e de IT, Pedro Cabral Santos acredita ser importante ter “uma boa capacidade de entender a tecnologia, perceber como usar a engenharia de software para ajudar os profissionais de RH, mas temos de os saber interpretar e entender”. E acrescenta ainda: “Se não entendemos o negócio e a atividade, dificilmente trazemos valor com a engenharia de software”.
Será o fim do controlo físico?
António Lobo Alves está convicto de que a pandemia veio baralhar os projetos, as metas e tudo o que estava delineado. “Falar de grandes mudanças parece-me prematuro”, acrescenta. O profissional relembra que as profissões que as novas gerações aspiram ter são profissões que não faziam parte do “cardápio” antigamente, e que muitos destes novos trabalhos “não envolvem escritório”. Nas palavras de António Lobo Alves, “o escritório não faz parte da ambição da vida” das novas gerações e é importante haver uma preparação para responder a estas necessidades. Contudo, o profissional acredita que ainda há uma resistência muito grande em algumas organizações, sobretudo as mais tradicionais, para passar para um modelo com menos presença física. Mas afirma: “acho que vamos ter um desafio fantástico pela frente”. Na opinião de António Lobo Alves, “é possível ser altamente produtivo através do teletrabalho”, e o desafio é maior principalmente para as empresas e áreas de serviços. O Diretor de RH comenta a sua experiência: “Eu tive uma experiência fabulosa a trabalhar em casa. Não me recordo de me relacionar tanto com a minha equipa e com muitos elementos da empresa. Para mim, tudo se tornou mais fácil”. O profissional é da opinião de que as organizações se devem habituar a viver sem o controlo físico.
Como manter a componente digital sem perder a humanização e a cultura de empresa?
De acordo com François Coentro, “uma das maneiras de não perder a relação entre pessoas e a humanização é mantendo as pessoas informadas”. Manter as chefias e os colaboradores informados, com meios para dar apoio, é um fator essencial. Manter um conceito híbrido tem como base a comunicação, pelo que é fundamental ter os canais de comunicação abertos. “Na minha ótica, as chefias têm de ser uma extensão de RH, um tentáculo de RH”, acrescenta o profissional. “O maior erro que podemos cometer é não informar”. António Lobo Alves acredita que a “tecnologia é um meio e não um fim em si própria”, e que é possível potenciar a humanização através dela. Pedro Cabral Santos finaliza: “Vai haver um equilíbrio que nos vai dar a resposta a seu tempo”.
Como pode ser feito o acolhimento e integração dos novos colaboradores?
Pedro Cabral Santos confessa que “dentro do IT, sempre houve o paradigma de trabalhar à distância” e que o fator presencial nunca foi um fator essencial. “Não seremos das áreas que mais tenham sentido essa mudança”. François Coentro acredita que a resposta a esta pergunta passa por manter as pessoas informadas, e que o que existe de cultura terá de se adaptar e evoluir. “Há empregos que vão desaparecer e empregos que vão aparecer”, acrescenta o profissional. Atualmente, o que se pretende contratar são skills, competências, e cada vez mais vão passar a existir as tecnológicas. Para François Coentro, “há uma mudança de cultura de empresa mas a cultura não se vai perder”. António Lobo Alves acaba por concordar: “A cultura é a informação e a ética que passamos aos colaboradores; e essa, com o teletrabalho, não vai fazer diferença”. Este profissional é da opinião de que “o teletrabalho não foi pensado nem estruturado” com o devido tempo, e que o importante agora é também cimentar esta maneira de trabalhar e dar tempo às pessoas para aprenderem a relacionar-se à distância. No que ao processo de recrutamento e seleção online diz respeito, François Coentro fala sobre a sua experiência: “temos clientes que, pelo volume de processos de candidatura, fazem a filtragem inicial pela carta de acompanhamento da candidatura”, sendo que só a posteriori são analisados os currículos. No fundo, pedir uma carta de acompanhamento e explicar o que se quer nessa carta pode facilitar o trabalho do profissional e ajudar o candidato.
Participe no próximo EncontRHo online com o tema:
Teletrabalho: que desafios para os Gestores de RH?
6 de outubro, às 15H00, plataforma Zoom
Já sabe que as inscrições são gratuitas mas obrigatórias: