Multipessoal uniu pessoas à tecnologia, num plano de transformação que está em curso.
André Ribeiro Pires integra o renovado executive board do Grupo Multipessoal desde o início do ano, mas foi em outubro que lá chegou com a missão de o transformar. Através das áreas de IT, marketing e comunicação, projetos e melhoria contínua, inovação e desenvolvimento, que coordena, encetou um plano de transformação, em curso, que une pessoas e tecnologia. As primeiras estão, hoje, mais focadas na relação que colaboradores, candidatos e clientes estabelecem com o Grupo e a segunda está encarregue das tarefas repetitivas outrora desempenhadas pelos profissionais. O objetivo é claro: proporcionar-lhes a melhor experiência de emprego em Portugal.
O final do ano passado trouxe-lhe um novo desafio profissional. Assume, desde outubro, o cargo de chief digital and information officer do Grupo Multipessoal. Que projeto lhe foi apresentado?
Nas áreas que coordeno, pretendemos definir uma nova estratégia tecnológica para o Grupo, que nos permita estar mais próximos de clientes, candidatos e colaboradores, libertando o trabalho repetitivo para as máquinas e as pessoas para aquilo que é importante – garantir que a ligação dos nossos colaboradores à empresa é sempre
contínua.
E que trabalho tem vindo a desenvolver nos últimos meses?
Nos primeiros meses, foi importante perceber como é que a empresa estava organizada e como é que podíamos fazer uma transformação mais acelerada do grupo. Após a definição da componente tecnológica, essencialmente, e da estratégia de marketing, captámos pessoas para funções que não existiam na empresa, de desenvolvimento e gestão de produto, por exemplo, que até esse momento não eram necessárias, mas que foram criadas para suportar a transformação tecnológica. Por isso, diria que, nestes primeiros meses, o que sentimos é que conseguimos efetivamente ter atratividade, o grupo e o projeto são aliciantes para trazer os melhores profissionais destas áreas. Temos, neste momento, todos os recursos necessários para fazer esta transformação, que está a decorrer.
Como é que, através dos pelouros que tem sob a sua alçada, operacionaliza a transformação do grupo, contribuindo para a melhor experiência de emprego em Portugal?
Vamos desenvolver uma nova infraestrutura tecnológica, que suporta todas as funções do grupo, desde o recrutamento, à gestão de colaboradores e contratos, processamento de vencimentos e gestão de todos os parceiros, internos e externos. Diria que esta parte é totalmente tecnológica. Depois, há uma segunda derivada, que pretende garantir que esta nova tecnologia e forma de trabalhar, porque vamos, de alguma forma, redesenhar os processos e apostar em novas ferramentas, é adotada pelas operações no seu dia-a-dia, de modo a que o novo passe a fazer parte do normal. Relativa ao nosso compromisso com a melhor experiência de emprego em Portugal, o que sabemos é que esta tecnologia que estamos a desenvolver é uma evolução muito grande face ao que o mercado apresenta e, obviamente, ao que tínhamos e que temos disponível neste momento. O que vamos fazer é trabalhar o desenvolvimento das nossas pessoas para que a relação com os candidatos, colaboradores e clientes seja constantemente melhorada.
Podemos concluir que o compromisso que o Grupo Multipessoal assume se resume à trilogia inovação, tecnologia e pessoas?
Claramente, mas talvez no sentido inverso – primeiro as pessoas, depois a inovação e, por fim, a tecnologia.
No Fórum RH 2019, dizia que a marca como empregadora influencia diretamente o resultado da empresa. No Grupo Multipessoal, como é que esta relação se traduz?
A esse respeito, temos um dilema, porque muitas vezes recrutamos para clientes e aí o impacto da marca do nosso cliente é muito importante. Se trabalharmos com empresas que têm menos cuidado com os colaboradores, vamos estar a penalizar a nossa marca. É muito importante saber escolher os clientes com quem trabalhamos e boa parte da nossa transformação vem da nossa forma de trabalhar, não da tecnologia, e começa mesmo nos comerciais, que se focam em angariar clientes que oferecem boas condições de trabalho. Diria que uma parte da nossa atratividade como marca vem dos clientes que escolhemos. A outra vem do customer care, de acompanharmos bem os nossos colaboradores e candidatos, desde o momento em que chegam até nós, ao momento em que terminam a sua ligação connosco.
E como é que se caracteriza a vossa componente de customer care?
Percorrendo todo o ciclo de um candidato, começa por ter uma boa porta de entrada no canal fadigital ou no físico, ou seja, boas condições para que a candidatura, no caso do digital, seja simplificada. Hoje, não devemos bloquear a forma como as pessoas querem escolher o seu emprego. Temos de estar presentes em todas as plataformas, inclusive na física porque continuamos a ter lojas onde as pessoas perguntam se existe emprego. A partir do momento em que passam a ser candidatos entram num processo de recrutamento e a tecnologia vai dar uma grande ajuda, garantindo que acompanhamos todas as fases, que existe feedback, porque todos nós já passámos por processos onde não o obtivemos – é normal. Mas o normal está errado e é isso que queremos corrigir, ajudando os nossos consultores a conseguirem, mais rapidamente, acompanhar os candidatos e também a encontrarem os candidatos certos para a função.
Na etapa seguinte surge a gestão dos contratos e nesse capítulo estamos a trabalhar para garantir que, nesta nova plataforma, muito do trabalho que hoje é feito pelos humanos é simplificado, para que possam ter tempo para acompanhar os nossos colaboradores. Segue-se o pagamento de vencimentos e o fecho de contas, que, à partida, é uma etapa normalíssima, mas consideramos muito importante, pois a saída de uma empresa deve ser tão cuidada quanto a entrada. Depois do colaborador sair, passa a ser novamente candidato a entrar num novo emprego. É com este pensamento, que pretendemos desenvolver as nossas pessoas para que o foco nos colaboradores e nos candidatos seja a parte mais importante da nossa transformação.
Entrevista publicada na RHmagazine nº 123 (2019)