Rui Moita é pai de três filhos, diretor de recursos humanos da LG Electronics e dedicação não lhe falta para conciliar os dois papéis.
Rui Moita é diretor de recursos humanos da LG Electronics, mas é também pai do Lourenço, de 13 anos, da Matilde, de cinco, e da Maria, de 16 meses. Com eles gosta de “passar momentos de qualidade, maior proximidade, convívio e partilha” e todos os dias lhes deseja “um dia feliz”. Já eles dizem-lhe que está a ficar “velhote”. No Dia do Pai, confessa, em entrevista ao InfoRH, que na gestão familiar também há gestão de recursos humanos, mas é a mulher Andreia, que se alia ao marido na conciliação do papel de pai e profissional, quem a lidera.
Como é que festeja o Dia do Pai?
Festejamos logo pela manhã com uma foto de família e com alguns presentes. Vou à escola das minhas filhas para participar numa atividade promovida pelo colégio, que junta as crianças e os pais. A parte da tarde do dia é dedicada aos meus filhos.
Consegue conciliar o cargo que ocupa com o papel de pai de três filhos?
Não o conseguiria se não fosse a minha mulher Andreia. Sem ela, aliás, tudo seria certamente muito diferente. Conciliar trabalho e família, numerosa como a minha, requer sobretudo disciplina e dedicação. Confesso que dedicação não me falta, mas já a disciplina para conseguir essa conciliação há muito que necessita de melhoria. Fazemo-lo com a disponibilidade física e mental, mas acima de tudo com muito amor. Se é difícil? Sim. Mas o segredo está em saber usufruir da melhor forma possível cada momento, estar lá para apoiá-los antes sequer de o pedirem.
É um pai que colabora nas tarefas familiares?
Confesso que gostaria de fazer mais e melhor.
Há gestão de recursos humanos na gestão familiar?
Absolutamente. Mas felizmente não sou eu que a lidero. E ainda bem. Num registo mais sério, há uma complementaridade no compromisso, no esforço e na partilha dessa gestão, mas a gestão familiar recai muitas vezes na minha mulher e o trabalho dela, a sua carreira profissional e as responsabilidades que tem são tão exigentes quanto as minhas. Mas a forma como ela gere o tempo e os compromissos é completamente diferente. Talvez por defeito de formação académica – é de Matemática –, talvez porque vê que de outra forma seria o “caos”.
A política de recursos humanos da LG Electronics estimula a conciliação entre trabalho e família?
Sem dúvida. Dizemos muitas vezes que não há uma obrigatoriedade quanto ao horário de trabalho, porque acreditamos que a gestão das tarefas e do tempo é da responsabilidade de cada um. Eu sinceramente acredito que, pese embora alguns momentos que requerem maior esforço e tempo, todos reconhecem que a empresa valoriza a esfera familiar e o bem-estar de cada um.
Que ações desenvolvem nesse sentido?
Iniciámos o ano passado um “horário de verão” especial e queremos mantê-lo este ano. Foi uma iniciativa claramente pensada e implementada para permitir uma melhor conciliação com a vida familiar, de proporcionar pelo menos um espaço de tempo num dia da semana para que cada um decida o quer fazer fora do trabalho. Nem sempre é fácil, nem tudo é exequível, mas, passo a passo, equilibrando as necessidades operacionais e de negócio e o tempo que todos precisamos para estar com as nossas famílias, vamos implementando políticas e iniciativas que permitam um ainda maior equilíbrio e bem-estar.
Considera que deve haver uma separação entre as duas esferas?
A separação total nunca existe. Alguma vez se questionaram sobre que experiências temos na nossa vida pessoal que transportamos para o trabalho e vice-versa? Novamente, tudo na vida requer empenho, dedicação e disciplina.
Que tratamento dá a LG Electronics às questões familiares dos seus profissionais?
Com a maior discrição mas também com a maior atenção e dedicação possíveis. O que se passa em “casa” nunca fica totalmente à porta do escritório. Com maior ou menor evidência, com maior ou menor influência no desempenho de cada um, o facto de estarmos menos bem do ponto de vista emocional, o facto de termos momentos mais difíceis na nossa vida familiar, acabam sempre por nos afetar. Cabe-nos a nós saber como abordar, no se e no quando e, se possível, como podemos auxiliar. As empresas são uma comunidade, uma família também. Sem intrusão, sim, devemos estar sempre atentos às questões familiares dos nossos colaboradores.