Numa altura de crise, incerteza e, muitas vezes, de solidão e desconexão, pode o humor ser usado em contexto laboral como uma ferramenta de liderança?
Rir no trabalho pode ajudar a construir confiança, reduzir o stress e até melhorar relacionamentos. Quem o diz é Greg Orme, palestrante e diretor de programa na London Business School, publicado na People Management. Já John Baldoni, um executive coach internacionalmente reconhecido, keynote speaker e autor, publicado pela Forbes, escreve que «um líder que conta piadas sobre si mesmo é aquele que demonstra um tipo de vulnerabilidade que encoraja os seus seguidores a ver a pessoa real por trás do título».
De acordo com o artigo publicado por Greg Orme no People Management, existem estudos que mostram que o nosso sentido de humor diminui por volta dos 23 anos, principalmente quando nos iniciamos no primeiro emprego. Por volta desta altura, as risadas diárias são substituídas pela «solenidade adulta apropriada», diz Greg Orme. A verdade é que em muitas organizações ou empresas é raro ouvir uma gargalhada.
Com a pandemia, e de acordo com Greg Orme, este «déficit de diversão» no trabalho foi agravado. No entanto, vivemos uma época em que rir é mais importante do que nunca. Segundo este profissional, o humor ajuda as pessoas a ouvir, a aprender e a agir com base na mensagem do manager. Numa altura em que trabalhadores remotos podem sentir uma maior desconexão e solidão, os líderes podem e devem aliviar o clima.
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Brincar e rir liberta a hormona oxitocina, que ajuda a aprofundar o relacionamento e a intimidade entre duas ou mais pessoas. Brincar tem a capacidade de construir resiliência e de desenvolver confiança em equipas. De acordo com Greg Orme, 2020 ofereceu bastante material para a comédia: desde o tédio das videochamadas sem fim, ao uso da parte inferior do pijama numa videoconferência.
Segundo este profissional, o humor pode até tornar um brainstorming mais eficaz. O exemplo dado refere-se às equipas de consultoria da empresa de design IDEO, que fazem um género de um “aquecimento” para o trabalho criativo: começam por fazer um brainstorming de ideias más, bizarras e impraticáveis. As soluções mais ridículas provocam gargalhadas, o que faz a química surgir.
Já de acordo com John Baldoni, publicado pela Forbes, os líderes precisam de estar atentos às necessidades emocionais dos colaboradores, e o humor pode lubrificar a situação de maneiras que permitem às pessoas esquecer a pandemia e a crise, mesmo que apenas durante uns segundos. John Baldoni cita Trevor Smith, um Chief Happiness Office e líder certificado do yoga do riso, que diz que usamos o humor em tempos de crise para fornecer uma perspetiva e para nos ajudar a lidar com a turbulência emocional e com o stress. Smith adianta que o humor é uma ferramenta que se deve usar em épocas como a que vivemos, porque nos ajuda a olhar para a situação de uma forma positiva. De acordo com este profissional citado por Baldoni, o humor alivia os fardos e inspira esperança.
Greg Ormer chama a atenção, no entanto, para o facto de não ser uma boa ideia fazer piadas sobre pessoas que estão abaixo de si na hierarquia. A ideia é que os gerentes se levem um pouco menos a sério. A autodepreciação pode ajudar a revelar autenticidade e a fortalecer conexões humanas. No entanto, este pode ser um conselho difícil de seguir para os gerentes seniores, alerta Greg Ormer. O profissional termina deixando um conselho, em tom de brincadeira: «não faça de um colaborador o foco da sua piada. Em vez disso, dê um soco a si próprio.»
Segundo Baldoni, com o acesso à Internet, as fontes de humor estão à distância de um clique. E de acordo com Smith, o melhor tipo de humor no trabalho é aquele que nos lembra de que não podemos levar a vida demasiado a sério.
Fontes: People Management e Forbes
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