Autora: Sónia Saraiva – Tem 22 anos de experiência na área da consultoria mental, física e emocional. Abriu a primeira escola de formação na área em Paris (2007) e regressou a Lisboa em 2016, trabalhando atualmente em parceria com empresários, CEO’s e grupos de direção empresarial.
D
ois anos de pandemia vieram trazer mudanças profundas nas empresas, sendo o trabalho remoto a maior de todas elas. A mistura diária entre o lado profissional e pessoal, a incerteza do futuro, os riscos de saúde trouxeram muita coisa à tona. Todo este contexto levantou o assunto do momento – a saúde mental.
Quando se fala de saúde mental pensa-se imediatamente em apoio psicológico/terapêutico, ou workshops de wellbeing, meditação, mindfulness, etc.
Nada contra estas ferramentas. Elas são importantes para se falar do assunto, acordar-nos para a autorresponsabilidade connosco e ajudar quem está em estados depressivos ou de burnout.
Gostaria, no entanto, de lhe trazer aqui, caro leitor, uma outra visão sobre este assunto, visto que a mente humana é complexa e ainda hoje não se sabe totalmente como é constituída.
No entanto, uma coisa é certa: muito da nossa mente está alojado no nosso corpo.
A mente, pelo que se sabe, é a interação entre as informações externas vindas dos sentidos, os estímulos internos do corpo, toda a atividade cerebral (memórias, raciocínio, imaginação, etc.) e a forma como reagimos ao que nos acontece a cada instante.
Seguindo esta lógica, torna-se mais palpável perceber o que é a saúde mental, e que grande parte da solução está no nosso corpo.
Porque um ser humano que consegue sentir e ouvir o seu corpo vai naturalmente evitar conflitos desnecessários, pois sabe instintivamente que a perda de energia vital de um conflito pode fazer-lhe falta para completar um projeto em curso.
Um ser humano que entende que o seu corpo é finito vai cuidar deste património de forma inteligente, para que ele dure mais, aprendendo a fazer menos de forma mais eficiente, para ter tempo de o cuidar e suprir as suas necessidades.
E, sobretudo, porque tudo o que pensamos e sentimos tem um impacto direto no corpo.
Um ser humano que consegue sentir e ouvir o seu corpo vai naturalmente evitar conflitos desnecessários
Lembra-se daquela dor de estômago aguda antes de uma reunião difícil? Ou da sensação de “brain fog” por ter passado uma noite em branco?
A natureza não tem vácuo. Mente, emoções e corpo são uma rede biológica que está sempre a interagir entre si.
Então, se o que penso e sinto tem impacto no meu corpo, é lógico que o contrário também seja verdade.
Proponho-lhe, assim, um exercício: tire um dia da semana para ouvir e suprir as necessidades do seu corpo. Elas são muito simples: dormir, comer, movimentar-se. E observe o nível de disposição mental e estabilidade emocional que o exercício lhe proporcionou.
Crónica publicada na edição n.º 138 da RHmagazine, referente aos meses de janeiro/fevereiro de 2022.
Siga-nos no LinkedIn, Facebook, Instagram e Twitter e assine aqui a nossa newsletter para receber as mais recentes notícias do setor a cada semana!