Autora: Rocío Cervino, CEO da MOLA Human Lab
Viver constantemente no «tenho que» ou no «não tenho tempo» é uma ilusão cíclica que acaba por obstaculizar uma energia de ultraprodutividade – produzir conforme o nosso potencial, sem perdermos qualidade de vida.
O nível de otimização é precisamente esse, onde conseguimos colocar quem somos ao serviço do que fazemos, num equilíbrio fundamental, através de sistemas operativos eficazes para nós, indivíduos, e, consequentemente, também para as empresas para as quais trabalhamos. Estes sistemas vão alavancar a mudança de paradigma que a sociedade precisa, face ao seu futuro e sustentabilidade.
Muitos de nós, em maior ou menor medida, já nos colocámos, em algum momento, se não em vários, em situações onde o nosso equilíbrio e bem-estar se viram em causa por termos levado ao extremo o cumprimento de responsabilidades ligadas a níveis infinitos de produtividade.
A ultraprodutividade não é um acidente. A mudança do mindset de trabalhar mais para trabalhar melhor é um entendimento sobre a importância de gerirmos bem o nosso principal recurso: a nossa energia.
O mantra a entoar num sistema ultraprodutivo é: right performance vs. high performance. Deixamos de gerir o nosso tempo e começamos a gerir a nossa energia, através de uma escolha consciente por prioridades. Procuramos um alinhamento constante com o que é verdadeiramente importante e, neste processo, a intuição torna-se uma competência chave na tomada de decisões ágil e assertiva.
Quando percebemos que a batida gestão de stress deixa de fazer sentido, focamo-nos antes na manutenção de um estado físico, mental e emocional, onde o stress tóxico não cabe, pelo que deixamos de considerar como «normal» que existe um stress para gerir.
Sermos ultraprodutivos significa ultrapassar os nossos próprios limites enquanto a sistemas de crenças e padrões disfuncionais estabelecidos, e impulsionar mudanças revolucionárias, através de comportamentos, hábitos e atitudes que vão ter um impacto positivo em nós, e que, por sua vez, vão inspirar outras pessoas e empresas para fazer essa transformação.
Na implementação de um sistema de ultraprodutividade, seja individual ou na cultura de uma organização, existem muitas nuances a ser trabalhadas em prol da funcionalidade, da eficiência e da satisfação que o próprio sistema promove. É importante ativar um ciclo motivacional 24/7 que se retroalimenta e que constitui a base estrutural deste sistema. Na MOLA, trabalhamos este ciclo no enquadramento da Liderança Consciente, pois a ultraprodutividade faz parte, no nosso entender, de uma autoliderança diferencial.
A produtividade de não produzir
Visto que a Ultraprodutividade não tem a ver com a quantidade de coisas que fazemos ou com a quantidade de goals que concretizamos, parte da receita de conquistarmos metas e alcançarmos objetivos está paradoxalmente na «improdutividade» dos momentos em que não estamos propriamente a produzir de uma forma manifesta, mas sim potencial e exponencial.
Quais são estes momentos? Os momentos zero; momentos de segmentação de descansos que fazem parte do descanso inteligente, integrado também no ciclo motivacional.
Estes momentos podem ser breaks onde criamos espaço para um dos nossos hobbies, para um passeio ao ar livre, para fazer um lanche sem dispositivos, para ouvir uma música, fazer uma meditação ou ler umas páginas de um livro que nos nutra… as opções são tantas quantas as preferências pessoais que existam. O único requisito é que devem ser coisas que nos produzam um prazer imediato e que elevem a nossa energia e vitalidade. Se formos mais rotineiros, aplicaremos todos os dias as mesmas. Se gostamos de dinamismo, iremos alternando.
A ultraprodutividade é uma estratégia a longo prazo que se alimenta de ações a curto prazo.
É importante valorizar e não julgar
É daquelas pessoas que julga o seu dia como bom ou mau em função de se este foi mais ou menos produtivo?
A procura constante pela produtividade é uma armadilha do ego, cuja sobrevivência depende de sentir-se seguro e potente, útil e visto, protegido de uma sensação de insuficiência que só a ele pertence. Esta armadilha produz uma insatisfação constante, pois, após cada conquista, aparecerá de certeza uma outra e outra e outra… Quando isto acontece, é muito fácil cairmos num esquema de burnout, onde poderemos perder o sentido ou propósito do que estamos a fazer. Aí, o conflito instala-se e torna-se importante darmos passos em direção à ultraprodutividade.
Nos processos de coaching, trabalhamos muito a questão: “desde onde faço o que faço?”. Isto é: faço o que faço desde a competitividade, desde a ambição, desde a pressão, desde a ansiedade de ir atrás de não sei muito bem o quê? Ou faço o que faço desde a automotivação pelo contributo e desde a gratidão?
Onde está verdadeiramente a minha realização? O propósito pertence a cada um, a cada empresa também, e nele reside uma grande oportunidade de sermos ultraprodutivos.
Axiomas da Ultraprodutividade
- Faço gestão da minha energia de acordo com prioridades. Nem o tempo nem o stress existem.
- Faço dos limites os meus pontos de equilíbrio.
- Sou responsável por incorporar um ciclo motivacional 24/7.
- Integro o hábito de superar pensamentos ineficazes ou crenças limitantes.
- Percebo a importância da entreajuda, da complementaridade e da inspiração.
- Incorporo o descanso inteligente no meu work-life blending.
- Troco a necessidade de parecer importante por um caminho de serviço altruísta.
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